Uma breve introdução ao Acesso Livre
por Peter
Suber
Versão portuguesa do texto de Peter Suber traduzido por Fernanda Sarmento. Versão original em
http://www.earlham.edu/~peters/fos/brief.htm
A
literatura em Acesso Livre (Open Access - OA) é digital, em linha, gratuita e
livre de muitas restrições de direitos autorais e licença de uso. O que torna
isso possível é a Internet e o consentimento do autor ou do detentor do direito
autoral.
Na maioria
das disciplinas, os periódicos científicos não pagam aos autores, portanto estes
podem dar seu consentimento para publicação em OA sem que isso lhes cause
prejuízo financeiro. Nesse sentido, os cientistas estão numa posição muito
diferente da maioria dos músicos e cineastas, e as discussões relativas ao
acesso livre para música e filmes não se aplicam à literatura
científica.
O OA é
inteiramente compatível com o processo de avaliação pelos pares (peer
review), e todas as principais
iniciativas do OA para a literatura científica insistem em sua importância.
Assim como os autores de artigos de periódicos cedem gratuitamente seu trabalho,
também o fazem muitos dos editores de periódicos e avaliadores que participam do
processo de avaliação pelos pares.
A produção
da literatura em acesso livre não é gratuita, embora seja de produção menos
dispendiosa que a literatura publicada convencionalmente. A questão não é se a
literatura científica pode ser feita com menos custo, mas se há melhores opções
para pagar os custos que não seja cobrando dos leitores e criando barreiras ao
acesso. Os modelos econômicos de financiamento dependem da forma como o OA é
disponibilizado.
Existem
dois canais principais para a disponibilização de artigos científicos em acesso
livre: periódicos de OA e arquivos ou repositórios de OA.
- Arquivos ou repositórios em
acesso livre
- Não realizam avaliação pelos
pares, pelo que simplesmente disponibilizam seu conteúdo gratuitamente para o
mundo. Eles podem conter pré-publicações (preprints) não avaliadas
pelos pares, pós-publicações (postprints) de trabalhos avaliados pelos
pares, ou ambos. Os arquivos podem pertencer a instituições, como
universidades e laboratórios, ou cobrir disciplinas como fisica e economia. Os
autores podem arquivar suas pré-publicações sem precisar pedir permissão a
ninguém, e a maioria dos periódicos já permite que os autores arquivem suas
pós-publicações. Quando os arquivos estão de acordo com o protocolo de coleta
de metadados (Metadata Harvesting Protocol) da Iniciativa Acesso Livre
(Open Archive Initiative – OAI), então eles são interoperáveis e os
usuários podem encontrar seu conteúdo sem saber quais arquivos existem, onde
estão localizados, ou o que eles contêm. Agora existem programas de
código-fonte aberto que permitem construir e manter arquivos compatíveis com a
OAI associado a uma tendência mundial para usá-los. Os custos de um arquivo
são insignificantes: espaço no servidor e uma fração do tempo de um
técnico.
- Os periódicos em Acesso Livre
- Ssubmetem os originais dos
artigos à avaliação pelos pares e em seguida disponibilizam gratuitamente para
o mundo os conteúdos aprovados. Suas despesas consistem no processo de
avaliação pelos pares, preparação do manuscrito, e espaço no servidor. Os
periódicos OA pagam suas despesas da mesma forma como fazem as estações de
rádio e televisão: quem tem interesse em disseminar o conteúdo paga
antecipadamente os custos da produção, podendo o acesso ser gratuito para
qualquer pessoa que tenha o equipamento adequado. Algumas vezes, isso
significa que os periódicos recebem subsídio das universidades ou das
sociedades profissionais que os hospedam. Geralmente, isso significa que os
periódicos cobram uma taxa de processamento sobre os artigos aceitos, a ser
paga pelo autor ou seu patrocinador (empregador, agência financiadora). Os
periódicos OA que cobram taxas de processamento geralmente dispensam-nas em
caso de dificuldade econômica. Aqueles que recebem subsídios institucionais
tendem a não cobrar taxas de processamento. Os periódicos OA podem sobreviver
com subsídios ou taxas menores se contarem com a receita de outras
publicações, publicidade paga ou serviços auxiliares. Algumas instituições e
consórcios conseguem descontos nas taxas. Alguns editores OA não cobram taxas
para todos os pesquisadores afiliados a instituições que tenham pago uma
anuidade pela afiliação. Há muito espaço para haver criatividade em encontrar
novos meios de se pagar os custos de um periódico OA que adote a avaliação
pelos pares. Ainda estamos longe de ter esgotado nossa inteligência e
imaginação.
Uma introdução mais extensa, com
hiperligações para leituras mais avançadas, veja Open Access Overview, http://www.earlham.edu/~peters/fos/overview.htm.
Primeira
publicação em linha em 29 de Dezembro de 2004.
Essa introdução também está
disponível em Czech, Dutch, French, German, Italian, Japanese, e Slovenian. Agradeço outras
traduções.
Tradução
para Língua Portuguesa de Maria Fernanda Sarmento e Souza, Estudante de Doutoramento, Departamento de Sistemas de
Informação, Universidade do Minho, Portugal; bolsista do Governo Brasileiro –
CAPES – Brasil. fsarmento@dsi.uminho.pt,
em 25 de Abril de
2005.
Peter
Suber
Open
Access Project Director, Public
Knowledge
Research
Professor of Philosophy, Earlham College
Senior
Researcher, SPARC
peters@earlham.edu
Copyright © 2004-2005, Peter
Suber. Este é um documento em acesso livre.